Na última segunda-feira (11), a Pinacoteca de São Paulo foi palco de um evento importante para quem acredita que moda e inclusão podem caminhar juntas: a final do Concurso Moda Inclusiva – Edição 2024/2025, promovido pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD).
A iniciativa tem como objetivo estimular a criação de roupas adaptadas para pessoas com deficiência, fortalecendo o conceito de uma moda mais acessível, funcional e inclusiva. Estudantes, estilistas e profissionais de diversas regiões do Brasil apresentaram suas criações em um desfile que valorizou inovação, criatividade e adequação às necessidades reais de quem veste.
Os vencedores e suas criações
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1º lugar – Guilherme Rodrigues Pereira (Will o Criativo) – São Paulo (SP)
Apresentou o conjunto Movimento Livre, um moletom adaptado para cadeirantes feito com tecidos reaproveitados. A peça inclui ajustes ergonômicos, zíperes largos, bolsos de fácil acesso e ventilação estratégica — unindo conforto, autonomia e sustentabilidade.
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2º lugar – Luane Sales de Oliveira Alves – Campo Grande (MS)
Criou o look Cotidiano – O Silêncio das Coisas Anônimas, inspirado na poesia de Manoel de Barros. O conjunto feminino traz bordados artesanais, elementos em braile, botões imantados, zíper com argola e ajustes que facilitam o vestir, permitindo diferentes formas de uso.
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3º lugar – Gustavo Marques Gonçalves – Osasco (SP)
Desenvolveu um conjunto de alfaiataria adaptada (camisa, calça, blazer e saia) com botões magnéticos, zíperes e partes removíveis, ajustando-se a diferentes necessidades, inclusive para pessoas com membros amputados ou usuárias de próteses.
Todos os vencedores receberam premiação em dinheiro, equipamentos de costura e a oportunidade de participar do Brasil Eco Fashion Week, um dos maiores eventos do setor no país.
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O meu olhar sobre o evento
O Concurso Moda Inclusiva tem um potencial enorme de inspirar e transformar, mas senti falta de uma cobertura em tempo real nas redes sociais, algo que ajudaria a ampliar o alcance e o impacto dessa mensagem.
Também é importante lembrar que, na prática, as barreiras para as pessoas com deficiência ainda são enormes. E quando falamos de quem é 100% dependente e tem espasticidade como é o caso do meu irmão a oferta de roupas adaptadas no mercado é mínima. São poucas as marcas que se arriscam a criar uma coleção nesse nicho e, quando o fazem, o custo das peças costuma ser alto, inviabilizando para muitas famílias atípicas.
O que acontece, na maioria das vezes, é que as mães e cuidadores acabam fazendo suas próprias adaptações em casa, ajustando roupas comuns para atender às necessidades específicas.
Outro ponto que percebi é que, durante o desfile, alguns modelos não mostraram completamente as adaptações das peças. Esse detalhe é importante, porque ajuda o público a entender o valor funcional do que está sendo apresentado.
Apesar disso, o evento teve um cenário belíssimo a Pinacoteca de São Paulo deu um toque especial à ocasião e valorizou talentos que merecem destaque. O caminho para que a moda inclusiva seja mais acessível é longo, mas cada passo, como esse concurso, é essencial para abrir portas e mudar mentalidades.
Por Taís Faria, irmã do PC :)
